Fusão de Peugeot e Fiat cria 4ª maior montadora mundial

Os acionistas da PSA, dona da Peugeot, e da Fiat-chrysler (FCA) aprovaram ontem a união das duas montadoras, um casamento concebido para enfrentar um mercado de automóveis em plena revolução. O aval é um dos últimos passos para a conclusão da operação.

A união do grupo francês PSA e do ítalo-americano FCA dará origem ao Stellantis, o quarto grupo automobilístico mundial em número de veículos vendidos, atrás da alemã Volkswagen, da aliança Renault-nissan-mitsubishi e da japonesa Toyota. As vendas estimadas da nova gigante global são de 8,7 milhões de unidades e seu valor de mercado é de cerca de US$ 50 bilhões.

A data de efetivação da união deve ser anunciada “muito rapidamente”, segundo o presidente do conselho de administração da PSA e futuro CEO do novo grupo, Carlos Tavares. Os grupos esperam fechar a operação no próximo dia 16. A nova empresa terá mais de 400 mil funcionários e abrigará 14 marcas emblemáticas como Citroën e Maserati, Fiat e Opel, Peugeot e Alfa Romeo, Chrysler, Dodge e Jeep.

“Vamos desempenhar um papel de liderança na próxima década na redefinição da mobilidade, como nossos fundadores fizeram com grande energia”, disse o presidente da FCA, John Elkann, que classificou a operação como uma “fusão histórica”.

“Essa fusão foi uma questão de sobrevivência tanto para a Fiat quanto para a PSA”, afirma Giuliano Noci, professor de estratégia da Escola Politécnica de Comércio de Milão. As marcas do novo grupo vão, em particular, reduzir seus custos de desenvolvimento e produção e completar sua oferta.

“Graças à sua união com a PSA, a Fiat-chrysler poderá fortalecer sua presença na Europa”, diz Giuseppe Berta, professor da Universidade Bocconi em Milão e especialista da Fiat. “O grupo francês, por sua vez, poderá mais uma vez colocar os pés nos Estados Unidos graças a seu aliado ítalo-americano..”

O voto dos acionistas sela uma união planejada desde 2018, anunciada no fim de 2019, cuja preparação foi prejudicada pela crise do coronavírus. Em dezembro, a Comissão Europeia deu sinal verde à fusão, com a condição de que os dois grupos preservassem a concorrência no setor de pequenas concessionárias, onde controlam grandes fatias de mercado.

Os fabricantes já haviam modificado seu contrato para que sua união fosse um casamento entre iguais, enquanto a pandemia atingia suas contas. A FCA concordou em reduzir o valor de um dividendo excepcional pago a seus acionistas. Por sua vez, a PSA decidiu vender 7% do fabricante francês de equipamentos Faurecia antes de distribuir o restante aos acionistas da Stellantis.

PSA e Fiat consideram que a fusão custará ¤ 4 bilhões (US$ 4,9 bilhões) e que a sinergia vai garantir a economia de até ¤ 5 bilhões (US$ 6,1 bilhões) por ano ao longo do tempo.