Projeto RenovAção qualifica trabalhadores do corte da cana

Santa Bárbara d´Oeste segue em direção à sustentabilidade no setor sucroalcooleiro. A Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar), a Usina Açucareira Furlan S/A e a Escola Senai Álvares Romi firmaram parceria para qualificar trabalhadores do corte da cana-de-açúcar por meio do projeto RenovAção, que desde 2009 promove a requalificação de trabalhadores rurais do setor sucroenergético, especialmente os que atuam no corte manual da cana-de-açúcar.

Trinta e dois trabalhadores participaram de cursos de Operador de Colhedora e Tratorista no Município, por meio do projeto RenovAção. O diferencial na cidade foi que a turma de operador de colhedora, formada por 16 pessoas, foi a primeira composta exclusivamente pelo público feminino. A inclusão de mulheres é valorizada no projeto. A solenidade de formatura dos concluintes dos treinamentos ocorreu em 31 de julho deste ano.

O especialista em Recursos Humanos da Usina Furlan, Sérgio Pontes, informou que a queima da palha da cana-de-açúcar tem sido eliminada gradativamente no Estado de São Paulo. Sendo assim, o setor percebeu que a mão de obra dos trabalhadores do corte manual da cana-de-açúcar precisava ser requalificada gerando novas oportunidades a esses trabalhadores. Assim, nasceu o projeto RenovAção.

No caso da Usina Furlan Pontes apontou que neste ano 65% da colheita já está sendo feita de forma mecanizada. Portanto, precisam de profissionais capacitados para o serviço.
Para ele, o projeto RenovAção vem ao encontro da necessidade de formação dessa nova mão de obra. Além disso, para a melhoria constante da qualidade de vida e geração de oportunidades para os trabalhadores do corte manual da cana-de-açúcar. \"Boa parte dos profissionais que participaram dos cursos tiveram oportunidade de contratação na empresa\", disse.

No Estado de São Paulo, conforme dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a colheita mecanizada tem crescido. Na safra 2012/2013, o percentual de área de cana colhida crua alcançou 72,6%, representando 3,38 milhões de hectares, área equivalente a 22 cidades de São Paulo ou a mais de 4.800.000 campos de futebol. Na Região Administrativa de Campinas o percentual também cresceu, pulando de 58,5% na safra 2011/2012 para 70,4% na safra 2012/2013.Conforme levantamento feito em abril de 2013 pela Casa da Agricultura de Santa Bárbara d´Oeste, a cana-de-açúcar ocupa uma párea de 10.200 hectares no município.

A Usina Furlan
Com quase 100 anos de história no setor sucroalcooleiro, a família Furlan tem acompanhado as mudanças na produção de açúcar e álcool. Em 1920, a família montou um pequeno engenho tocado à tração animal. Em 1921, a empresa iniciou a fabricação de aguardente.

Em 1949, foi fundada a Usina Açucareira Furlan S/A, que vem atuando até hoje na fabricação de açúcar e álcool, sendo a única usina de Santa Bárbara d´Oeste. Hoje, a empresa segue em direção à sustentabilidade com práticas socioambientais.

\"A empresa está bem voltada à produção com sustentabilidade, promovendo ações de conscientização ambiental, além da preservação de áreas de Preservação Permanente e nascentes de água. Adere o protocolo agroambiental especialmente quanto a extinção da queimada, promovendo as adequações necessárias para suprir os desafios impostos ao setor sucroenergético de cana-de-açúcar\", finalizou o especialista em RH da empresa.

Profissionais participam de cursos de operador de colhedora e tratorista

Os cursos de operador de colhedora e tratorista foram os oferecidos em Santa Bárbara d´Oeste pelo projeto RenovAção. As aulas foram ministradas pela Escola Senai Álvares Romi e a Usina Furlan cedeu a estrutura, alimentação e os equipamentos para os treinamentos.

O diretor da Escola Senai Alvares Romi, João Laudissi, informou que o Departamento Regional de São Paulo do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e a Unica celebraram um contrato de execução dos serviços de treinamento. O contrato entre as partes tem o objetivo de organizar, acompanhar e realizar programas de treinamento, sendo esses conforme a programação definida entre a Unica e as unidades de formação profissional.

O curso de Operador de Colhedora, composto por 322 horas, foi realizado no período de 18 de março a 15 de maio deste ano. Já o curso de tratorista, composto por 222 horas, foi ministrado no período de 15 de abril a 23 de maio deste ano. As aulas foram oferecidas no período integral.

O módulo de Habilidades Básicas dos cursos envolveu conteúdos de matemática, português, mercado de trabalho, legislação, saúde e segurança. Por sua vez, no módulo de Tecnologia e Operacional o treinando conheceu os componentes e o funcionamento dos equipamentos, sua operação segura, implementos agrícolas, topografia, solos e demais técnicas agrícolas. De acordo com o diretor do Senai Santa Bárbara, é um programa concebido para uma efetiva diversificação do perfil e crescimento profissional, por meio de cursos com aulas práticas e teóricas oferecidos por escolas de reconhecida reputação. \"Os cursos foram selecionados com base nas demandas locais e visam à promoção do indivíduo de forma ampla e com maior integração dos alunos na sociedade, incluindo desde conceitos de cidadania até estímulos ao empreendedorismo.\" E continua: \"Os participantes dos cursos do projeto RenovAção são indicados pelas próprias usinas e pelos sindicatos locais dos municípios canavieiros em que o projeto atua. As usinas parceiras fornecem aos treinandos também transporte e alimentação. Essa formatação de treinamento faz com que a taxa de desistência dos participantes seja de, praticamente, zero\", concluiu.

Um diferencial na cidade foi que a turma de operador de colhedora foi a primeira composta exclusivamente pelo público feminino. O especialista em RH da Usina Furlan, Sérgio Pontes, informou que o curso de operador de colhedora foi aberto à comunidade, sendo que as participantes possuem alguma correlação com a Usina. Todas participantes do curso tiveram oportunidade de contratação na empresa. Para ele, as mulheres são mais cuidadosas na manipulação dos equipamentos.

Uma participante do curso foi Letisia Fernanda Gomes, 27 anos, solteira, que cresceu na Usina Furlan. Ela contou que estava fazendo estágio em segurança do trabalho na empresa e surgiu a oportunidade de fazer o curso de operadora de colhedora. Para ela, diz que foi uma excelente oportunidade, pois, abriu um novo campo de trabalho na área agrícola, algo que não imagina. Isso porque está fazendo curso de segurança do trabalho.

Segundo Letisia, no primeiro momento que teve contato com a máquina ficou assustada em razão do seu tamanho. Com as aulas constatou que não é difícil operá-la. Ela conta que o equipamento é super equipado: com ar condicionado, computador de bordo, entre outros itens. As trabalhadoras são levadas de van até a colhedora na área onde será feito o corte da cana-de-açúcar. Sobre o diferencial entre a mulher e o homem operar o equipamento, segundo Letisia, a mulher é mais cuidadosa. Para sua máquina diz que levou um toque feminino: \"Eu já decorei a minha de cor de rosa\", revelou.

Também afirmou que o trabalho é prazeroso. A colhedora corta a cana alguns centímetros acima do chão e a cana cortada é despejada na carroceria do veículo de transbordo, que segue ao lado da colhedora.

Na indústria da cana as mulheres tem ocupado postos na prática diária no canavial, em máquinas agrícolas e em reuniões de negócios. Conforme dados da Unica, nos organogramas das empresas do setor sucroenergético as mulheres respondem por aproximadamente 9% das vagas da área agrícola e 11% quando somadas as áreas industriais e administrativas.
A Unica , por exemplo, é presidida pela economista Elizabeth Farina desde novembro de 2012, a primeira mulher a liderar a entidade. Elizabeth também assumiu neste mês cadeira na Academia Nacional de Agricultura, um dos principais fóruns de debate sobre o agro brasileiro.

Saiba mais sobre o projeto

O que é?

O projeto RenovAção é uma parceria entre a Unica, a Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), a Fundação Solidaridad e as empresas da cadeia produtiva: Syngenta, Case IH, Iveco e FMC, com o apoio do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que prevê o treinamento especializado de trabalhadores, em seis das maiores regiões produtoras de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo: Ribeirão Preto, Piracicaba, Bauru, Araçatuba, São José do Rio Preto e Presidente Prudente.

Como surgiu?

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Lei Estadual n.º 11.241/02, instituiu a eliminação gradativa da queima da palha da cana-de-açúcar, determinando o fim desta prática até 2021 nas áreas consideradas mecanizáveis.

A eliminação da queima vem a atender não somente à evolução tecnológica do cultivo de cana-de-açúcar, até então uma cultura dependente do trabalho manual, mas ao comprometimento do setor em reduzir as emissões de CO2 e outros poluentes, consolidando o etanol e demais produtos da cana-de-açúcar como sustentáveis.

Evidenciando a preocupação ambiental do setor sucroenergético, a Unica, em parceria com as Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura do Estado de São Paulo e várias entidades, celebrou em 2007 o Protocolo Agro-ambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, pelo qual as unidades agroindustriais se comprometeram a antecipar o fim da queima da palha para 2014 nas áreas mecanizáveis. Apesar dos efeitos ambientais positivos decorrentes da eliminação da queima, o setor sensibilizou-se com os efeitos sociais decorrentes, que obrigam o deslocamento dos trabalhadores rurais para outras atividades. As empresas passaram, desde 2008, a implementar voluntariamente diversas iniciativas voltadas para a requalificação dos trabalhadores que até então dedicavam-se ao corte manual de cana-de-açúcar, buscando viabilizar melhores oportunidades de trabalho dentro das próprias usinas ou em outros segmentos da economia. Essas iniciativas foram fortalecidas em 2009, quando da criação do maior programa de requalificação já implantado pelo setor sucroenergético no mundo, o projeto RenovAção.

Resultados
Desde seu lançamento em 2009 até o final de 2012, o Projeto RenovAção capacitou mais de 5.700 trabalhadores rurais em 30 diferentes cursos, que visam a requalificação de profissionais oriundos do corte manual da cana para novas funções, dentro e fora do setor sucroenergético. Além de formar diretamente os trabalhadores, o projeto tem o papel de incentivar projetos de requalificação profissional nas próprias empresas do setor. Em dois anos foram mais 16 mil pessoas formadas pelas próprias usinas em cursos nos mesmos moldes do RenovAção. Somadas as iniciativas do projeto com a replicação de cursos pelas usinas são mais de 20 mil profissionais requalificados, além de outras iniciativas nas comunidades. O projeto apresenta um elevado índice de recolocação dos profissionais formados. No setor, esta recolocação alcança 78% dos trabalhadores. Esse indicador demonstra a efetividade de seu modelo inovador. A inclusão de mulheres nos cursos é valorizada e o índice de participação feminina foi de 1,2% no primeiro ano para 12% no último ano. (Fonte: Única - www.unica.com.br).