Mais de 8 mil usuários do transporte coletivo urbano de Santa Bárbara d’Oeste ficaram sem o serviço, ontem, durante todo o dia. Cobrando  direitos trabalhistas, cerca de 150 funcionários da concessionária Sertran Sertãozinho Transporte Ltda (Nova Via), decidiram cruzar os braços. Os ônibus nem chegaram a sair da garagem da empresa na madrugada e muita gente teve que se virar para chegar ao seu destino. Para a prefeitura, a greve foi ilegal. Já a Sertran, pagou primeira parcela do 13° salário e atendeu outras reivindicações, mas promete acionar a empresa na Justiça. O serviço foi restabelecido por volta das 19h30.

A possibilidade de paralisação foi anunciada na semana passada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Americana e Região, por causa do descumprimento dos diretos trabalhistas pela empresa e por melhorias nas condições de trabalho. Segundo o presidente do Sindicato, Paulo Sérgio da Silva, o Paulinho, a Sertran propôs pagar o 13° salário dos funcionários em quatro parcelas (de 30/11/2014 a 27/02/2015). A proposta não foi aceita. Outros problemas pendentes motivaram a greve, como a cessão de uniformes usados aos funcionários, sanitários sem higiene e casos de assédio moral na empresa.  

Já de manhã, reunidos na frente da garagem da empresa, no Distrito Industrial I, o sindicato e os funcionários exigiam a presença do prefeito Denis Andia para participar da negociação junto com a empresa, de modo a garantir o pagamento da parcela do 13° salário. A Sertran foi contratada pela prefeitura para explorar o transporte coletivo urbano no município e iniciou a operação em dezembro do ano passado. O prefeito divulgou uma nota de esclarecimento, prometendo multar a Sertran, caso o serviço não fosse restabelecido e informando que notificou a empresa sobre a responsabilidade e obrigação dela com o transporte público no município. Segundo a nota os motivos da paralisação não têm amparo legal e a greve é uma posição exclusivamente unilateral do Sindicato. Informou ainda que não tem débitos junto à empresa.     

No período da tarde houve negociação com representantes da empresa e a categoria. Uma comissão de trabalhadores fez a confirmação de que o dinheiro da parcela do 13ª estava depositado e a categoria decidiu por fim à greve. Os ônibus voltaram a circular por volta das 19h30.  “O dinheiro foi depositado, o uniforme será entregue dia 4 de dezembro, os banheiros vão ter higiene e haverá um treinamento com os encarregados para acabar com o assédio aos trabalhadores”, comemorou o presidente do Sindicato, Paulo Sérgio da Silva. “Nós pedimos desculpas à população, mas trabalhamos com transparência e dentro da lei”, destacou. Quanto à ilegalidade da greve, ele disse que está garantindo os diretos dos trabalhadores. “Essa greve é para garantir os diretos do trabalhador. Nas outras vezes fizemos protesto, agora foi greve. Se houver problema de novo, faremos greve de novo”, completou. Os funcionários reclamavam das condições dos uniformes usados que recebiam, além de falta de papel higiênico nos banheiros.

Sobre os uniformes, a Sertran informou que cumpre todos os contratos e acordos firmados. “Caso tenha ocorrido a falta de reposição pontual de uniformes, a Sertran não obriga e muito menos coage seus colaboradores a usar uniformes usados”, informou via assessoria. A empresa disse que está atenta às suas obrigações e ainda lembra que iniciou a operação em Santa Bárbara D\'Oeste a menos de um ano e se ocorreu a falta de uniforme, foi devido à rotatividade de funcionários. Sobre o parcelamento do 13° salário, afirmou a empresa que fez uma consulta ao sindicato, mas não disse que faria o pagamento dessa forma. “A consulta feita ao sindicato dos condutores do possível parcelamento do 13° salário, foi interpretada equivocadamente como um aviso feito pela Sertran”, informou.