Nesta quinta-feira, dia 21, o Teatro Municipal “Manoel Lyra” de Santa Bárbara d’Oeste no recebe, às 14 horas, o espetáculo “O dragão de fogo”. Com realização da SIM! Cultura, na saída do espetáculo, o público pode contribuir com o valor que desejar para ajudar a produção.
A peça é do ator Eduardo Okamoto, cuja montagem reúne referências da Ópera de Pequim, luta e teatro. Como Shun Li, um menino de sete anos, pode salvar sua aldeia de um terrível dragão que desperta de um sono de séculos? A resposta para essa grande aventura está no espetáculo “O dragão de fogo”, escrito por Cássio Pires, com encenação de Marcelo Lazzaratto e atuações de Eduardo Okamoto, Esio Magalhães e Luciana Mizutani.
O espetáculo conta a história do menino lançado ao desafio de salvar sua aldeia, surpreendida por um grande incêndio provocado por um dragão. Tão logo o vilarejo é reduzido a cinzas, os seus lideres reúnem-se para discutir uma forma de enfrentar o dragão. Muitos guerreiros se dispõem a combatê-lo, mas um velho sábio lembra aos homens que os costumes locais ditavam a necessidade da realização de um sorteio, em que apenas um dentre todos os habitantes deveria ser escolhido para enfrentar o grande perigo.
Para preocupação de todos, Shun Li é o sorteado. Com uma rara habilidade para o desenho, o menino possui apenas vocações artísticas, ao invés de guerreiras, mas mesmo assim aceita o seu destino e sobe a montanha em direção à cova onde vive a criatura que cospe fogo. Quando lá chega, conhece um rato que se tornará seu amigoe o ajudará a solucionar três enigmas para derrotar o Dragão.
Primeiro trabalho de Eduardo Okamoto (vencedor do Prêmio APCA e duas vezes indicado ao Prêmio Shell de melhor ator) para o público infantil a peça é um desejo antigo do ator. “Sempre tive vontade de fazer algo para as crianças, pois fui um assíduo espectador teatral desde pequeno. Há três anos, quando fui pai, o impulso de mergulhar no teatro infantil foi imediato. Houve uma necessidade de cuidar de uma geração e não só do meu filho”, explica ele.
Okamoto então começou a ler vários textos voltados ao universo infantil, de clássicos a contemporâneos, em busca de algo que não fosse didático e que tivesse um clima de aventura. Numa conversa com o autor Cássio Pires, descobriu que o dramaturgo possuía um texto inspirado em fábulas populares da cultura oriental. “Quando li o texto tive a certeza que tinha achado o que eu procurava”, conta o ator.
O brevíssimo conto de apenas quatro páginas em que o espetáculo é inspirado chegou às mãos de Cássio Pires há mais de 10 anos. De acordo com o autor, a brevidade da narrativa original não impede que se tenham múltiplas leituras possíveis pois é uma fábula simples e clara, mas que se abre a diversas possibilidades de interpretação.
A história fala de muitas coisas, como o ato criador, a necessidade de renovação, mas também sobre o significado da tradição, o sentido de comunidade e o rito de passagem. Corpo, espaço e palavra. Para o diretor Marcelo Lazzaratto a encenação de sustenta-se numa tríade: corpo, espaço e palavra – conceito já estabelecido pelo ator Eduardo Okamoto em suas montagens para o teatro adulto.
“Ao invés de me apoiar em tantas outras ferramentas disponíveis e boas, como a tecnologia, resolvi apostar que todas as imagens estariam propostas no jogo dos atores. Foi assim que me surgiu o conceito de que todos os desenhos sugeridos na peça seriam construídos por esses corpos, desenhando o espaço e a cena”, explica Lazzaratto.
Para isso foi importante a preparação corporal de Luciana Mizutani, campeã paulista e vice-campeã brasileira em várias modalidades de kung fu, que usou seu conhecimento em artes marciais para criar os movimentos do espetáculo. Do ponto de vista cenográfico, a encenação apóia-se na construção de um “espaço vazio”. Amparando-se na arquitetura minimalista de Alan Chue Cristina Sverzuti, que primam pelo uso criativo de materiais simples, bem como pelo uso ostensivo de linhas retas, procura uma certa economia de recursos.
Este espaço minimalista acaba por valorizar os figurinos, assinados pelo estilista Fause Haten, e os adereços de Silvana Marcondes, que dilatam as dramaturgias físicas construídas pelos atores. Além disto, estes adereços ajudam a construir os diferentes lugares ficcionais (uma plantação de arroz, uma casa, uma montanha, a caverna onde vivem dragão e rato etc.).
A música original de Marcelo Onofri acompanha a ocupação deste “vazio”. Assim, tanto quanto enfatizar as ações (como acontece na Ópera de Pequim chinesa), constrói geografias. Neste sentido, a música desempenha função narrativa e se afasta da ilustração de emoções e sentimentos dos personagens.
O Teatro está localizado na Rua João XXIII, 61, no Centro. A classificação é livre para todas as idades e o valor do ingresso é de contribuição livre, ou seja, cada um pode pagar o valor que desejar para manter a produção e a realização do projeto nas cidades.