Inverno aumenta riscos de doenças cardíacas

Associação Americana do Coração, apontou aumento de 20% a 25% na incidência de doenças cardíacas durante o tempo frio

No período de inverno, a preocupação com doenças respiratórias é grande, mas os cuidados de pacientes com problemas cardíacos também devem ser redobrados. Isso fica evidente em dados recentes divulgados pela Associação Americana do Coração, que apontou um aumento de 20% a 25% na incidência de doenças cardíacas durante o tempo frio.  

De acordo com a cardiologista e especialista no tratamento de arritmias cardíacas, Karina Cindy de Oliveira, os motivos do aumento da ocorrência destas doenças no inverno são variados, pois as baixas temperaturas colaboram para o desencadeamento de situações que provocam a diminuição da circulação sanguínea ao músculo cardíaco e isso acaba dando impulso para doenças cardiovasculares, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), angina, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca. 

“Os riscos do tempo frio para a saúde cardíaca são ainda maiores para pessoas que já possuem algum problema cardíaco ou que tenham idade acima dos 60 anos e apresentam colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes ou são tabagistas”, esclarece.

Segundo Karina Cindy, as complicações cardíacas no inverno são consequência de mecanismos corporais que procuram manter o equilíbrio térmico. “As respostas do organismo para tentar conter a perda de calor durante o frio sobrecarrega o sistema cardiovascular, pois o coração precisa trabalhar mais e bombear mais sangue para atender às necessidades do corpo. A sobrecarga acontece porque os vasos sanguíneos se constringem para manter o sangue circulando na parte central do corpo, e essa diminuição no tamanho dos vasos e artérias, faz com que o sangue circule menos até o coração. Esse tipo de problema causa o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de angina, infarto agudo do miocárdio e isquemia”, aponta.  

As doenças respiratórias e virais, características dos períodos de baixa temperatura, também podem gerar quadros de insuficiência cardíaca. Segundo a cardiologista, as infecções respiratórias exigem um esforço maior do músculo cardíaco. “A sobrecarga no sistema circulatório causada por infecções respiratórias, como gripes e resfriados, agride o chamado endotélio – superfície de recobrimento mais interna dos vasos sanguíneos –, que se torna suscetível a problemas como a trombose, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou ataque cardíaco. É indicado que os pacientes com insuficiência cardíaca se protejam do frio, -- principalmente quando submetidos a temperaturas inferiores a 15º celsius –, usando agasalhos, luvas e cobrindo o rosto, e ainda mantenham bons hábitos de higiene, como lavar as mãos e evitar ambientes muito aglomerados, fechados e sem ventilação, para que sejam evitadas as doenças respiratórias”, ressalta.

Outro fator que pode cooperar para o desenvolvimento e agravamento de doenças cardíacas é o fato de que com as baixas temperaturas, as pessoas ingerem menos líquidos, se alimentam de forma exagerada, optando por comidas calóricas e ricas em gordura, e também diminuem a frequência das atividades físicas. “Essa combinação de hábitos pode agravar casos hipertensivos, que por sua vez, influem em episódios de doenças cardíacas como a insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC)”, conclui.