O aposentado Luciano Gomes da Silva,
de 55 anos, preso por suspeita de assassinar a auxiliar de limpeza Roseli Dias Bispo, de 46 anos, com golpes
de marreta na estação Sé do Metrô, na última segunda-feira , já foi acusado de
cometer outros crimes antes. Em 2005, atacou dois homens na mesma estação. E,
em 1993, matou a
noiva em São Paulo.
Por causa desses crimes mais antigos, a Justiça manteve
Luciano por mais de dois anos numa prisão comum na capital. E outros 18 anos internado num manicômio judiciário. Exames
psiquiátricos demostraram, à época, que ele não tinha capacidade de compreender
que havia feito algo reprovável e o considerou inimputável, ou seja, não
poderia ser punido criminalmente.
Essas informações estão no inquérito policial que
investiga Luciano pelo homicídio de Roseli e em documentos da Justiça sobre o
aposentado.
Testes indicaram em Luciano “deficiência mental, consistente em esquizofrenia paranoide, doença
congênita, permanente e irreversível”.
Mas em 2018,
também por decisão judicial, ele deixou o Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo,
onde fazia tratamento. A medida de segurança com restrição de liberdade acabou
extinta. O motivo: novos exames demonstravam que ele não representava mais
risco às pessoas e poderia voltar ao convívio social.
Outros crimes
Mas não foi isso o que aconteceu. De acordo com a
polícia, no início desta semana, Luciano voltou
a atacar. Sua nova vítima foi Roseli, morta com marretadas na cabeça. Ele também
levava uma faca, mas não a usou. Agressor e vítima não se conheciam. Ela estava
sentada no banco de um dos vagões da Linha 1-Azul do Metrô.
Segundo os seguranças que o detiveram, Luciano
alegou ter ouvido “vozes” e achou que a auxiliar de limpeza, que ia para o
trabalho, havia o chamado de “mulher
ou gay”.
Justamente as mesmas palavras que o aposentado contou ter
escutado em 17 de maio de 2005, quando esfaqueou dois homens, também dentro de
um vagão da mesma linha do Metrô. Ele foi detido em flagrante naquela ocasião.
O mesmo padrão de “surto psicótico” se repetiu em 10 de janeiro
de 1993, quando ele matou a então noiva, segundo a Justiça. Luciano só foi
preso por esse crime em 14 de maio de 1996. Depois seguiu para um hospital
psiquiátrico em Franco da Rocha, por decisão da Justiça
Pai do preso
Logo que Luciano foi preso por suspeita de matar Roseli,
na última segunda, o pai dele, um serralheiro de 82 anos, declarou em
depoimento à polícia que o filho tem um “histórico de agressões”.
“Já teve uma tentativa no Metrô há muitos anos”, informa
um trecho do que o idoso falou a Delpom sobre Luciano. Pai e filho moravam na
mesma casa havia mais de dois anos.
“Seu filho dizia
que ouvia vozes de homens e mulheres, os quais queriam transformá-lo em
mulheres ou gays (sic)”, informa outra parte do documento.
Segundo o serralheiro, Luciano usa medicamentos controlados.
“Olanzapina 5 mg ou 10 mg, para se acalmar”,
falou, sobre os remédios que o filho pega no Centro de Atenção Psicossocial
(Caps) no Jabaquara.
De acordo com o que o pai
disse, “seu filho já matou a sua ex-noiva, alegando que estava sendo traído,
mas o declarante acredita que a ex-noiva nunca o traiu”.