Amigos encaram aventura na Cordilheira dos Andes na Bolívia
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Os amigos André Fagnoli
e Archimedes Garrido, 54 anos, ambos de Santa Bárbara d´Oeste,
e Ronaldo Rodrigues da Silva, de Americana, em maio, encararam uma aventura de
22 dias na Cordilheira dos Andes, na Bolívia. O roteiro começou, em 1º de
maio, em La Paz, capital boliviana, localizada a cerca de 3.800
metros acima do nível do mar, que fica bem próximo à borda da
Cordilheira.
De lá, os parceiros seguiram para o
Parque do Condoriri, 4.650 metros de altitude, para fazer a aclimatação,
que é esperar o corpo se adaptar as condições atmosféricas extremas, que consistem
em pressão menor, baixo teor de oxigênio e ambiente de altitude, para
depois subir as montanhas. Para se ter uma ideia da diferença, a
região de Campinas é em média 570 metros acima do nível do mar. Dos 22 dias de
viagem, 12 foram somente de aclimatação.
Segundo Ronaldo Rodrigues da Silva,
os preparativos para aventura tiveram início seis meses antes, com definição de
roteiro, datas, o que levar, quanto levar, onde se hospedar, quem
contratar, quando descansar, entre outros detalhes. Isto associado a outras
experiências de Ronaldo e Archimedes nos Andes Peruano, Chileno e
Boliviano, entre 2017 e 2018.
O Condoriri é uma montanha com três
cumes que tem uma forma semelhante a um Condor em posição de descanso, com uma
cabeça e duas asas. No parque, os parceiros iniciaram com o Pico Áustria, uma
montanha com 5.320 metros de altitude.
Silva comentou que é um pico que
geralmente não tem neve e que, neste ano, estava com um volume considerado.
“Para conquistá-lo é necessário caminhar lentamente sobre pedras soltas,
ajustar o ritmo cardíaco e seguir, junto com muita hidratação e calma. Dos três
amigos, fui o mais lento porque estava pior aclimatado, mas eu queria fazer
tudo sempre com energia sobrando, chegar ao cume sempre é a metade do caminho e
não o fim e saber poupar a energia é sempre prudente”, disse.
No dia seguinte, o grupo definiu outra montanha para aclimatação. Assim, em menos de 30 horas, partiram para o desafio de subir o Pico Tarija, com 5.200 metros de altitude, mas toda nevada. André e Archimedes conquistaram este objetivo e Ronaldo resolveu descansar.
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Archimedes Garrido conquista
montanha mais alta da Bolívia
Após as aventuras no Parque
Condoriri, o grupo retornou para La Paz. Lá decidiram seguir para o Parque do
Sajama, onde ficaram hospedados por cinco dias. O parque está localizado no
estado de Oruro, a aproximadamente 250 km da capital La Paz, na fronteira com o
Chile, na Cordilheira dos Andes. A área conta com o vulcão Nevado Sajama (6.542
m), o mais alto do país.
O desafio de montanha no Parque
Sajama ficou para o Archimedes Garrido que subiu o vulcão
Nevado Sajama. Em 2018, Garrido já tinha visitado a Bolívia e subido o Huayna
Potosi, com 6.088 metros de altitude. Contudo, o seu desejo era fazer uma
montanha mais alta.
De acordo com Garrido, durante o
período no Parque Sajama, conheceu um grupo de alpinistas que estava indo
escalar o vulcão Nevado Sajama. A princípio, a ideia era ir com eles até o
acampamento alto de 5.800 metros de altitude e lá fazer uma autoavaliação, para
saber se estava bem para dar continuidade e atingir o cume do vulcão. Já no
acampamento fez a avaliação física e psicológica e decidiu atingir o cume. “Eu
fui o mais lento de todos, lembrando que sou um velho atleta, sempre me
desafiando e preparando para desafios mais intensos. Não imaginava que ia
conseguir fazer o Sajama, como estava bem aclimatado, falei vou correr o
risco”, relatou.
Archimedes Garrido é atleta de
apneia desde 2007, com vários recordes de mergulho livre. A prática o ajudou na
escalada das montanhas. Ele também é conhecido por trabalhar com adestramento
de cães. “Sempre tive a vontade de
escalar alta montanha, e queria conhecer gelo e neve. Em 2018, escalei o Huayna
Potosi, com 6.088 metros de altitude, mas o meu desejo era conseguir conquistar
as mais altas, o que envolve muito treinamento e segurança”, apontou.
Em sua avaliação, ser atleta de
apneia o ajudou porque seu organismo já estava adaptado para baixa taxa de
oxigenação. “Isso me deu certa vantagem no tempo de aclimatação. Sem boa
aclimatação e preparo físico, a pessoa pode sofrer um acidente lá em cima, como
edema ocular, cerebral e pulmonar, até mesmo levar a óbito na montanha.
Normalmente, se leva de 12 a 15 dias para se preparar dentro do Bolívia e fazer
um vulcão dessa altura. Eu levei oito dias para fazer isso. Esse vulcão
teria que ser o último do programa. No entanto, acabou sendo a segunda opção e
deu certo”, comemorou.
Segundo Garrido, levou 20 minutos a
mais do que o normal para atingir o cume. Ele relatou que quando chegou lá o
sol já tinha nascido e logo o tempo virou, com rajadas de vento. Diante disso,
precisaram descer a montanha as pressas para sair da zona de perigo e voltar
para a base. “Não deu tempo de tirar boas fotos do cume. Estava difícil até de
fazer filmagem”, revelou. Nesta empreitada, contratou uma empresa da Bolívia
para dar o suporte, como carregamento de equipamentos e alimentação. “Eu
aproveitei a logística do grupo de alpinistas que conheci”.
No Parque do Sajama, André Fagnoli subiu alguns dias um mirante de
4.100 metros de altitude como parte da
aclimatação, também até a metade do vulcão Parinacota, com 5.800 metros de altitude, ambos pra aclimatar.
Todo esse processo foi para subir a Huayna
Potosi , com 6.088 metros de altitude.
Por sua vez, Ronaldo relatou que aproveitou ficar no parque para viver outra experiência que era conhecer os gêiseres (nascente termal que entra em erupção periodicamente, lançando uma coluna de água quente e vapor de água) e águas termais, mas estavam fechados devido à pandemia. “Apesar disso, o objetivo foi cumprido no mirador para apreciar todo o parque, cultivar o silêncio e observar a natureza, conversar com seu eu interior, fazer as coisas com tempo, sem se preocupar com telefonema, email, e assim segue”, contou.
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Último desafio: escalar o Huayna Potosi
Com as vivências no Parque Sajama, os três brasileiros
retornaram a La Paz e se preparam para o último desafio, que foi subir a Huayana
Potosi, com 6.088 metros de altitude, que fica a 25 km da capital boliviana.
Neste desafio, somente André Fagnoli chegou até o cume, pois Archimedes e
Ronaldo, já tinham subido em 2017.
Os três foram até o acampamento alto
de 5.300 metros de altitude, mas somente André subiu até o cume, com um guia.
Lá ficaram duas noites no acampamento alto. O
primeiro dia foi para treinar
e fazer com que o grupo se habituasse
com as botas, crampon, andar na neve e gelo e, depois, com isto André buscar o
sucesso.
“Todos os dias no meio da tarde vinha
a neve, que geralmente ocorria das 16h às 20h, ficávamos confinados no abrigo e
ali nos aquecíamos e simplesmente curtia o tempo passar. Enquanto a neve não
vinha, aproveitávamos para nos divertir caminhando e escorregando na neve.
Neste momento, aproveitamos a paz da
montanha para se harmonizar, administrar o frio e se preparar para o dia
seguinte”, contou Ronaldo Silva.
Motivações
Os parceiros tinham várias motivações
para a viagem à Cordilheira dos Andes. Ronaldo Rodrigues da Silva falou
sobre suas metas: “O meu objetivo foi
melhorar a questão de paciência, sabedoria e conquistar paz. Tudo isto foi
possível quando chegamos na Bolívia”. E acrescenta: “Como já tinha conquistado
a minha montanha de 6 mil metros de altitude, então, a ideia foi estar em paz,
cultivar o silêncio, olhar para dentro de mim”.
Já Archimedes Garrido e
André Fagnoli tinham como objetivos escalar montanhas mais altas. André é
comerciante e faz parte do Grupo de Escoteiro Uirapuru de Santa Bárbara
d´Oeste. Ele relatou que fez bastante
escalada no Brasil em montanhas até 3,5 mil metros de altitude. “É uma
experiência ímpar, difícil e perigosa. Altitude não dá para brincar e
experiência no gelo é bem diferente das montanhas no Brasil”, disse.
Para André, a conquista com a viagem foi mais paciência, com a execução das ações em etapas. Ele relatou que para chegar ao cume das montanhas, o grupo começa a meia noite, anda cinco a seis horas até chegar ao cume e depois quatro horas para descer. “Tem que dar passos curtos por causa da respiração. O frio chegou a bater menos 20 graus lá em cima. No alto tem os males do efeito altitude, que são dores de cabeça à noite. Eu senti todos os efeitos possíveis. O frio que você respira deixa depois com o peito cheio. O cansaço físico tem que andar bem devagarzinho. É uma experiência que recomendo para muita gente, mas com muito preparo e informação, porque exige muita técnica”. E segue: “Estou muito feliz e realizado. Cada um alcançou os seus objetivos. Estou apaixonado pelas montanhas da Bolívia”.
Garrido relatou,
ainda, algumas curiosidades da viagem, como as crianças brincando e fazendo a
sua própria alimentação, trazendo memórias afetivas de sua infância. Outro foi
as mulheres confeccionando lã de alpaca e ihama de maneira primitiva.
Por fim, o aventureiro diz que já tem em vista uma montanha maior para escalar, o pico Aconcágua, a montanha mais alta da América e da Cordilheira dos Andes, com 6.962 metros de altitude. O Parque Provincial Aconcagua fica a 180 km do centro de Mendoza, na Argentina, e recebe alpinistas de todo o mundo.
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