Cesar Cielo

Meus maiores adversários eram os meus joelhos

Seis meses e meio depois de delicada cirurgia nos joelhos, o nadador Cesar Cielo voltou com tudo, fez o segundo melhor tempo do ano nos 50m livre e obteve o índice para o Mundial de Barcelona (ESP), na manhã de ontem, no Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Segundo o velocista, sua maior preocupação era avaliar como seus joelhos responderiam quando tivesse de levar seu corpo ao limite. Este ano, ele só tinha nadado uma vez a distância, no Southern Zone Sectional, em Fortlaudardale, nos Estados Unidos, no dia 14 de março. Na ocasião, não forçou e fez o tempo de 22s20, atualmente o 16º tempo no mundo nos 50m livre.- Meus maiores adversários eram os meus joelhos. Não sabia como reagiriam após os meses de recuperação. Foi uma cirurgia um pouco pesada no joelho esquerdo, tive de fazer uma reconstrução forte. O que me ajudou muito foi assistir ao Rafael Nadal jogando e ganhando tudo de novo, ver a imagem do Ronaldo caído em campo e depois voltando a jogar o melhor futebol da vida dele. Esses dois caras me inspiraram muito e me fizeram pensar todo dia numa evolução, numa melhora. Cicatrização não se tem controle, é torcer para cada dia estar melhor e suportar os treinos - afirmou Cielo, referindo-se a duas pessoas que também enfrentaram cirurgia nos joelhos.E os treinamentos foram difíceis. O nadador relatou momentos de incerteza se conseguiria voltar bem. Disse que sentia dificuldades em fazer um simples salto de 30 centímetros ou um agachamento com 30 quilos. Eram muitas dores. No dia a dia, Cielo sofria ao entrar e sair do carro. Somente após três meses de recuperação, sua vida começou a voltar ao normal, em que ele conseguia fazer as coisas sozinho.

- Na competição, levo meu corpo ao limite. E eu tinha dúvida do quanto eu poderia fazer. Chegar aqui e obter o segundo melhor tempo do ano (fez 21s58 contra 21s55 do francês Florent Manaudou) e o mesmo da final olímpica (na verdade, em Londres-2012, ao ficar com o bronze, fez 21s59) me deixa contente. Se saísse o melhor tempo da minha vida, seria uma surpresa pois não tive a preparação que gostaria por conta da cirurgia. Já estou praticamente de volta à minha melhor forma .

O nadador deixou claro que está satisfeito com o trabalho realizado pelo técnico americano Scott Goodrich desde o início do ano. O treinador tem repassado toda a programação idealizada pelo australiano Brett Hawke, com quem o brasileiro formou a parceria que rendeu as medalhas de ouro (50m livre) e o bronze (100m livre), nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008.

- Ele tomou a frente do meu trabalho de um jeito muito corajoso. Chegamos a morar junto e ele sabe como eu sou, sabe que não é fácil dar treino para mim. E seria um desafio para a carreira dele. O Scott tem só 27 anos. Até agora a escolha deu certo, começando com o pé direito este ciclo olímpico. Minha expectativa para o Mundial é muito boa e acho que vou conseguir fazer um treinamento de verdade, sem limitações e cuidados - prosseguiu o nadador, lembrando ter três meses e meio até a competição em Barcelona.

Sobre o fato de não competir nos 100m livre no Troféu Maria Lenk, Cielo disse que houve erro de comunicação. Segundo o atleta, seu objetivo era sim nadar a prova.

- Descobri agora isso. Quero ver como os meus joelhos vão se comportar após os 50m borboleta, na sexta-feira. Vou ver se foi algum erro de balizamento ou se o clube errou na inscrição.
Sobre o Clube de Campo de Piracicaba, Cielo afirmou ter ficado feliz pois \"voltou para casa\". Ele foi atleta do clube por três anos.

- Voltei para onde nadei quanto tinha 14 anos, então estou acostumado. Colocamos a conversa em dia. Estou aproveitando o momento de não nadar os revezamentos e focar só nas minhas provas - finalizou